terça-feira, 2 de junho de 2009

A missa do meio dia (ou da igreja que não mudou nada)

E eu fui na igreja. Estava triste, preocupada, com tempo sobrando e necessidade de ir a um lugar calmo. Nada melhor que uma igreja.
Entrei, peguei um formulário sobre as paróquias de São Paulo, e, escolhi para sentar o lugar mais legal de todos, iluminado pela luz colorida que passava pelos vitrais. Era uma imagem bem celestial, um raio de luz que incidia sobre um único lugar da igreja. A poeira suspensa no ar nublava a visão e aumentava o ar etéreo...
Pois bem, eu sentei no lugar mais especial da igreja e preenchi o formulário, nisso apareceu uma mocinha, perguntou se eu ficaria pra missa, e, com a resposta afirmativa, me deu um jornalzinho com as orações do dia (deve ter um nome pra isso, mas eu não faço a menor idéia).
Comecei a reparar nos detalhes: os belos e antigos lustres (que eu adoro), as paredes bem altas, os coloridos vitrais, as imensas colunas, os desenhos gigantes... tudo pra fazer a gente se sentir pequenininho.
Desde o início da Igreja Católica as igrejas são construídas de forma a fazerem as pessoas se sentirem deslumbradas e inferiores. Tudo é muito belo, com muito ouro e detalhes, dando a impressão que assim é o mundo de Deus, o qual devemos almejar. Mas também, tudo é muito grande e há muitas imagens, para dar a impressão de que somos ínfimos e estamos sendo vigiados. "Ei coisa pequena aí em baixo! Nós superiores do mundo dourado estamos vigiando você. Não peque, pois não há como se esconder."
Fiquei reparando em cada detalhe, em cada imagem de gesso, em cada estrela de espelho, em cada pincelada de ouro. Nem me lembro o que o padre falou, só me lembro da acústica. O padre falava baixinho e o som reverberava como uma voz onipresente, a verdadeira voz de Deus. Depois, um moço sorridente tocou violão enquanto uma moça de meia idade com cara de poucos amigos cantava a música do jornalzinho (que eu ainda descubro o nome). Sete cordas e uma voz que parecia um canto gregoriano de cem pessoas. Era muito belo, de fato.
Cada pedacinho da igreja ajuda a compor uma aura celestial, bela e intimidante. Ir àquela igreja foi ver concretamente a imagem que se formou na minha mente durante as aulas de História e Literatura.
O que eu tiro disso? Que assim como eu respondi no questionário, a Igreja não se modernizou.
Se eu gostei da missa? Mais ou menos. Me revoltei quando uma moça passou com um saquinho para recolher dinheiro e fez cara feia quando eu disse que não tinha. Não gostei também da história de ter que ficar levantando as mão e fazendo movimentos carismáticos. Definitivamente não é pra mim.
Se eu volto lá? Claro. Adoro o badalar dos sinos e os lustres são realmente muito bonitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário